Por Isabela Jank e Sara Abdo
No último mês de novembro, chegamos à marca de 8 bilhões de pessoas vivendo em nosso planeta. É interessante olharmos para os avanços nos campos científico, tecnológico e na saúde pública que possibilitaram o aumento da expectativa de vida neste grau, mas, ainda mais importante, é nos atentarmos aos próximos anos, decênios e centênios que estão por vir. E sob esta ótica, buscar entender os limites e oportunidades da Terra em nos abrigar e, principalmente, nos alimentar.
Temos, agora, um grande desafio: de um lado uma população crescente com uma demanda de alimentação exponencial e, do outro, recursos naturais finitos para geração desses alimentos. Por ora, soluções como redução do desperdício de alimentos, melhor distribuição global e desenvolvimento de proteínas alternativas auxiliam no balanço entre demanda e oferta por alimentos e recursos produtivos, mas o core da solução está, necessariamente, no agro.
Já é sabido que nos próximos anos será imprescindível produzir mais alimentos, de preferência nas terras já abertas e agricultáveis, para que o aumento da produção não seja demandante de mais desmatamento. E isso só será possível se houver ganho de escala de produtividade pelos agricultores e ampliação do uso de técnicas regenerativas, como plantio direto, Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e substituição de fertilizantes químicos por biológicos para recuperar áreas degradadas.
Na VOX, identificamos a vertical de soluções para o agro como uma das prioridades para colaborarmos na construção de uma agenda de segurança alimentar, agricultura sustentável e clima.
Da porteira para dentro
Produtores rurais devem ser prioridade para entrar como pontos focais na trajetória de transformação dos modelos produtivos. É preciso aumentar a produtividade por hectare por meio de técnicas sustentáveis capazes de apoiar o melhor uso dos recursos naturais e contribuir para sua preservação, possibilitando também uma diminuição da pegada de carbono por unidade produzida. É usar de tecnologias, insumos de produção, crédito e acesso à informação para produzir mais com menos.
Tratando-se do Brasil, este é mais um desafio enorme. Apesar de ser o celeiro do mundo, 85% das nossas propriedades rurais são pequenas ou médias, com pouco ou nenhum acesso a estas ferramentas. Isso precisa mudar.
Outro ponto de atenção é que, até poucos anos atrás, a trajetória de desenvolvimento do agronegócio foi muito pautada por inovações mecânicas no maquinário e genética nas produções, seja nas plantas ou nos animais. A transformação digital, que já chegou ao mercado de serviços financeiros e aos poucos chega na saúde, ainda não alcançou o campo de forma significativa, tornando esta uma indústria muitas vezes mais offline que as demais, ainda que seja responsável por quase 30% de nosso PIB.
O potencial do mercado e a Seedz
A experiência de mais de 13 anos da VOX mostra que negócios cujo core tem um propósito e intencionalidade claros, combinado com uso da tecnologia que otimiza a escalabilidade, obtêm resultados superiores na resolução de problemas-chave que envolvem nossa sociedade e o planeta. E não tem porque ser diferente na indústria do agronegócio.
Além de ser o grande vetor de crescimento econômico do país, o agro posiciona o Brasil como um player de relevância e de atuação essencial no mercado global, sendo atualmente o 4º maior exportador de produtos agropecuários. Isto nos torna responsáveis pelo abastecimento de 41% de toda a produção de alimentos no mundo, movimentando aproximadamente R$ 500 bilhões por ano no mercado externo.
Analisando sob a ótica ambiental, é também de amplo conhecimento que o agro é responsável por parte relevante das emissões de GEEs no planeta. O Brasil, sendo um país com uma grande parcela da economia sustentada pelo agronegócio, possui uma matriz de emissões ainda mais liderada por atividades do setor, em torno de 25%, como traz a SEEG, iniciativa do Observatório do Clima.
Nesse sentido, é interessante observar que as emissões do setor agropecuário têm se mantido bastante estáveis ao longo dos últimos anos, mesmo que a produção tenha aumentado muito. Isso nos leva à conclusão de que já há aumento de eficiência e produtividade, em especial nas seguintes frentes:
• Melhoramento genético possibilita abate antecipado de bois
• Tecnologias no cultivo diminuem perdas de colheita e safra
• Fertlizantes biológicos não esgotam o solo e mantém a área produtiva
Na prática, a falta de produtividade é o grande driver do aumento das emissões do setor e da necessidade de abertura de terras legais para o cultivo. E agora, entre estimular a produtividade e abrir novas terras, é hora de escolhermos a produtividade.
Ao analisar conjuntamente o desafio e o tamanho da indústria do agronegócio, tem-se ideia do enorme potencial de transformação e mercado a ser abordado por negócios que efetivamente consigam endereçar as dores e demandas dos pequenos e médios produtores.
Na VOX, já há alguns anos temos aprofundado os estudos na vertical de clima, e entendemos que soluções capazes de levar a digitalização e a conectividade para o agronegócio podem ser as mesmas que impulsionam e, de certa forma, sustentam o necessário salto de produtividade e sustentabilidade nas fazendas. E é justamente isso o que vimos na Seedz, uma empresa posicionada de forma única no agronegócio e apoiada em um tripé composto pela inteligência de dados, oferta de crédito acessível e serviços técnicos especializados que apoiam o produtor através do uso da tecnologia. Essa é uma combinação que potencializa a transformação digital na cadeia do agro.
O modelo de negócio da Seedz
Fundada em 2017, a Seedz nasce do inconformismo dos seus cofundadores Matheus Ganem e Daniel Rosa com as inconsistências do setor: pequenos e médios produtores rurais com muito potencial de produção, porém sem acesso à tecnologia, insumos de qualidade, crédito ou até mesmo informação, gerando produções de baixo desempenho.
Com a visão estratégica de que, para iniciar a disrupção do setor precisavam se inserir no sistema comercial, criaram a moeda digital SDZ. Ao incorporar inteligência de dados onde, até então, tudo era conduzido de forma offline e segmentada, a Seedz trouxe para dentro de sua plataforma os players da grande indústria, as revendas e os produtores rurais, integrando e digitalizando a cadeia, e promovendo uma maior agregação de valor de ponta a ponta.
No início, o foco das operações foi desenvolver um programa de fidelização que possibilitou, de um lado, uma maior qualificação do processo de venda para as indústrias e revendas através do uso de dados e, de outro, garantiu aos produtores acesso a um programa que lhes confere melhores oportunidades de compra de insumos e ofertas mais estruturadas para sua necessidade, além de benefícios como rebate, cashback e a possibilidade de acumular as moedas SDZ para troca por produtos e serviços.
A empresa tem crescido em um ritmo acelerado de mais de 300% ano a ano e este foi só o começo de uma jornada. No ano de 2022 a Seedz já passou para uma nova fase, expandindo sua atuação e se apoiando em 3 grandes avenidas de crescimento:
• Digitalização – Programa de fidelização: crescimento da base através do ingresso de mais produtores rurais e expansão internacional
• Seedz Farm – Soluções para produtores: criação de um ecossistema de serviços para atender as principais dores dos produtores rurais, abrangendo desde o planejamento de safras à gestão de fazendas e manejo de solo. Por meio da aquisição de empresas SaaS especializadas, como foi o caso da Perfarm e da Atomic Agro, a Seedz tem incorporado soluções que auxiliam o processo de ganho de produtividade, eficiência e sustentabilidade.
• Crédito: Neste ano, iniciou também suas operações no mercado financeiro, através de uma oferta de crédito para agricultores de sua base de clientes, garantindo acesso a melhores taxas de juros e condições muitas vezes restritas apenas aos grandes produtores no mercado atual.
A rodada Séria A da Seedz
A Seedz acaba de captar USD 16,5 milhões em uma rodada Série A junto a nós, da VOX Capital, Alexia Ventures, Volpe Capital, The Yield Lab, Tridon, 10b/Tarpon, Endeavor Scale-Up e Parceiro Ventures, formando um time de investidores de peso com muita experiência e complementaridades no que tange a data analytics, expertise em agro, gestão de impacto e ASG.
A trajetória até aqui, de meses de avaliação e conversas com a empresa, nos deu a certeza do potencial de transformação que a Seedz é capaz de gerar, e o quanto nossa tese de impacto na vertical do agro está alinhada com a intencionalidade do time. Esta congruência já nos possibilitou um alinhamento estratégico nos planos para futuro, sempre com a geração de impacto positivo para o produtor no centro dapara impactar os produtores no centro das tomadas de decisões.
Em conjunto com o time da Seedz, temos certeza de que podemos, e muito, contribuir com a transformação digital do agro. Que venham os próximos anos de parceria e que sigamos juntos rumo a um mundo 100% regenerado. Vamos juntos!