Venture Capital

Por que investimos na Bitfy, de ativos digitais, junto ao Banco do Brasil

16/11/2022
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por que investimos Bitfy ativos digitais

Por Caio Cruz, Venture Capital Associate

Os ecossistemas da internet e da tecnologia têm passado por uma revolução sem precedentes nos últimos anos. Novos sistemas operacionais e infraestruturas têm permitido diferentes configurações de mercado, dando origem a uma também nova classe de ativos. Estamos falando dos ativos digitais, ou criptoativos, como moedas digitais (criptomoedas), tokens e NFTs e precisamos falar cada vez mais sobre o tema, que está ligado a impacto positivo.

Esses novos sistemas têm forte potencial inclusivo porque se pautam pelo conceito da descentralização através da digitalização de ativos e moedas, eliminando barreiras e, portanto, simplificando as transações e interações. Mudanças estruturais estão acontecendo na forma como nos relacionamos com a internet e suas interfaces, e a tecnologia blockchain é a peça por trás dessa inovação. É preciso investir nessa frente, e VOX Capital e Banco do Brasil estão juntos nessa decisão. 

Corporate Venture Capital de Impacto

Nós, da VOX Capital, somos responsáveis pela gestão do BB Impacto ASG, o fundo de Corporate Venture Capital do Banco do Brasil orientado para a geração de impacto positivo. O fundo investe e impulsiona startups de base tecnológica que endereçam problemas socioambientais com foco em fintechs, agritechs, govtechs, e startups com soluções que buscam melhorar a experiência digital dos clientes pessoa física e jurídica do Banco.

É nesse sentido que fica clara a relevância de se aproximar de tecnologias inclusivas e escaláveis tal como o blockchain. E a Bitfy, startup brasileira especializada em infraestrutura para operações com blockchain e criação de soluções que utilizam essa tecnologia, atraiu nossos interesses e acaba de estrear o portfólio BB Impacto ASG

A Bitfy

Fundada em 2017 por Lucas Schoch, a Bitfy possui entre os investidores a Borderless Capital, Algorand Capital e Dash Investment Foundation, fundos internacionais especialistas no mercado blockchain. 

A companhia facilita a relação de empresas com o ecossistema de inovação em blockchain, permitindo o desenvolvimento de soluções para troca de valor ou informação. Isso favorece a ampliação do acesso a serviços financeiros de forma mais segura e com mais eficiência de custos, gerando impacto positivo na sociedade. 

A proposta de valor da startup está na criação de soluções escaláveis, descentralizadas, transparentes e seguras, promovendo desconcentração e ampliação de acesso.

Bitfy e Banco do Brasil

A tecnologia blockchain permite a criação desses novos modelos de negócios digitais na medida em que viabiliza o desenvolvimento de aplicações diferentes das desenvolvidas para desktops e smartphones. Na prática, acaba sendo uma solução revolucionária porque abre novas possibilidades para diferentes agentes.

O mercado financeiro foi um dos primeiros a experimentar a inovação através do surgimento de ativos financeiros digitalizados (moedas digitais). Com isso, remessas e câmbio, por exemplo, passam a não depender dos intermediários na cadeia para garantir e validar uma transação, e tudo passa a ser registrado e suportado pela rede blockchain. 

Indo além da criptomoeda, existem inúmeras possibilidades de replicar essa lógica para outros segmentos. Por exemplo, dá para transformar ativos tradicionais em representações digitais (criptoativos) e ampliar o uso de títulos de garantia para o setor público, imobiliário e do agronegócio. O resultado é um ambiente sem fricção e atrito, e que não depende de terceiros validadores para a transferência de ativos. 

Como uma das instituições financeiras de maior peso no país, o Banco do Brasil tem o apoio da VOX para selecionar e estimular fintechs que tenham alinhamento estratégico com a missão da instituição de ampliar acesso a serviços financeiros e melhorar a oferta de crédito e produtos correlatos. 

E justamente por estarmos atentos ao objetivo do Banco de ampliar a oferta de produtos e serviços financeiros e não-financeiros na VOX, vemos que a Bitfy se encaixa como uma camada de infraestrutura tecnológica para otimizar essa experiência. No fim do dia, a startup vai permitir ao banco chegar em mais pessoas, inclusive fora do sistema financeiro.

Com o investimento estratégico, o BB quer otimizar as aplicações e sistemas internos da instituição, desenvolvendo soluções mais eficientes para democratizar o acesso a produtos financeiros, como pagamento e crédito, e não financeiros, como ativos agrícolas e carbono. Os beneficiados são clientes pessoas físicas e jurídicas. 

Tamanho do mercado, tendências e a agenda da descentralização

O mercado global de ativos digitais representava, ao final de 2021, mais de 2 trilhões (USD), que eram movimentados por mais de 200 milhões de usuários. 

No Brasil, há mais de 10 milhões de pessoas investindo em ativos digitais. Para efeito de comparação, somos o sétimo maior país em adoção de criptomoedas no mundo, como traz o Índice Global de Adoção de Cripto 2022 da Chainanalysis

Nesse ranking, uma tendência é a dominância dos países emergentes. Isso demonstra uma correlação inversa entre renda/poder de compra com a adesão desses ativos, reforçando o aspecto da acessibilidade associada ao blockchain.

Veja o ranking de países com maior adoção de criptomoedas segundo a classificação por nível de renda do Banco Mundial (2022):

E o que explica isso? Segundo estudo da Gemini, a maior procura por moedas digitais vem justamente das pessoas mais afetadas pela desvalorização das moedas locais e inflação. 

Um dado que evidencia isso é que, entre 2011 e 2021 o real desvalorizou 217% em relação ao dólar, e 45% dos brasileiros afirmaram ter intenção de comprar criptomoedas. Já no Reino Unido, que não enfrentou desvalorização de sua moeda no período, o percentual de britânicos com intenção de comprar criptomoedas cai para 8%. 

Em um terreno fértil como este em que o Brasil demonstrou boa aceitação ao universo de criptomoedas, a Bitfy está pronta para expandir o acesso e permitir que as empresas possam explorar aplicações para outros mercados, criando suas soluções digitais a partir da mesma tecnologia blockchain.

As motivações para um mercado ainda mais desenvolvido e acessível

O The Gobal Payments Report de 2021 mostra que apenas 18% das compras efetuadas no mundo foram em papel moeda, e na América Latina esse percentual é de 35%. Não à toa, o Banco Central (BC) está desenvolvendo a própria versão de moedas digitais, sendo que o real digital tem lançamento previsto para 2024.

As moedas digitais de Banco Central (Central Bank Digital Currency ou CDBC) são uma alternativa para que o mercado, ainda tido como tradicional, incorpore a tecnologia blockchain e quebre barreiras entre indústrias através de integrações com contratos inteligentes (smart contracts) e APIs. O objetivo é ofertar serviços financeiros 100% digitais. Com possibilidade de lançamento muito rápido e de forma colaborativa e massificada, cria-se insumos para uma adoção efetivamente inclusiva.

Fazendo um paralelo com o que ocorreu recentemente no mercado de pagamentos no Brasil, com a atuação e supervisão do Banco Central à frente da nova normativa de recebíveis, a criação do PIX e toda a agenda de OpenBanking e OpenFinance, vemos uma nova dinâmica de mercado que se abriu para diversas soluções e aplicações dentro do mercado de pagamentos, permitindo o surgimento de novas soluções e melhorias para todo o ecossistema. 

O grande beneficiário é o usuário final

O maior beneficiário disso tudo é o usuário final, que passa a ter uma oferta de produtos mais diversa e com experiências melhores. Segundo o Banco Central, o PIX, por exemplo, incluiu 49 milhões de pessoas no sistema financeiro. E podemos esperar um terreno similar no caso dos ativos digitais. 

A tecnologia blockchain deve protagonizar uma segunda fase de expansão do sistema financeiro brasileiro, que se iniciou com o OpenBanking. Isso por que a blockchain possibilita a criação de soluções inovadoras, com menos recursos e sem a necessidade de intermediários para validar ou garantir a segurança do sistema, uma vez que todas as transações passam a estar integradas e registradas em uma mesma rede blockchain, disponível e acessível a todos, além de impossibilitar sua adulteração.

Ainda que a ampla aceitação do PIX no Brasil deva ser um fator de refração ao uso das criptos como forma de pagamento de maneira massiva, é justamente o fato da tecnologia cripto ir além de opção de pagamento e abordar setores de investimento, crédito e seguros, que irá permitir sua adoção para um mercado hoje ainda descoberto.

Sim, o avanço do ecossistema de ativos digitais está rápido. E está só começando.  Acreditamos que este movimento irá criar toda uma próxima geração de aplicações e empresas, assim como foi com a internet na década de 90. Vale acompanhar de perto.

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