A alta da taxa de juros em 2021 e a possibilidade de que a Selic volte a ultrapassar os dois dígitos em 2022 acenderam o alerta dos investidores para a renda fixa. Ainda assim, há quem prefira buscar, na renda variável, oportunidades de retornos maiores que a Selic. E aí? Onde é melhor investir? Os fundos multimercados são uma opção que pode agradar gregos e troianos.
E o que é um fundo multimercado? São fundos que combinam diferentes classes de ativos dentro de um só produto. Em linhas gerais, eles podem investir em renda fixa e variável na composição, e é do gestor a decisão de qual classe de ativos priorizar e o nível de exposição em cada uma delas.
Qual o diferencial dos fundos multimercados?
A palavra chave dessa categoria é flexibilidade. Em tempos de juros mais altos, é possível aumentar a exposição em renda fixa sem perder boas oportunidades no mercado de renda variável. E em tempos de juros baixos, dá para aumentar a exposição em renda variável, câmbio e outras classes sem perder o eixo da segurança que a renda fixa propicia.
Em termos práticos, os fundos multimercados são uma opção mais flexível, prática e diversificada para qualquer investidor. Nessa categoria, os gestores podem escolher as melhores oportunidades de acordo com o cenário econômico, sem ter a obrigação de ficar exposto a uma classe de ativo específica, como acontece nos fundos de ação ou nos fundos de renda fixa.
Existem diferenças entre os fundos multimercado?
Sim, e elas estão ligadas aos tipos de estratégia de alocação e escolha das classes de ativos, como mostra esta cartilha da Anbima.
Alguns tipos de fundos são:
- Macro: considera aporte em diversas classes como renda fixa, renda variável e câmbio, considerando cenário macroeconômico de médio e longo prazo.
- Juros e Moeda: visa retorno no longo prazo por meio de investimentos juros, moeda estrangeira e índice de preço, como os fundos de inflação.
- Trading: aqui a estratégia é voltada para o curto prazo, e visa retorno a partir de movimentos feitos sobre os ativos, que podem ser, principalmente, de renda fixa, renda variável e câmbio.
- Livre: é a opção mais flexível dentre todos os multimercados, e permite variar as classes de ativos e o percentual de alocação em cada um a depender da tese do gestor e do momento micro e macroeconômico.
Me dá um exemplo?
Um Fundo Multimercado pode ter seu capital dividido em debêntures (títulos de crédito emitido por empresas privadas), ações de companhias brasileiras, investimentos estrangeiros (como BDRs) e alocação no Tesouro Nacional. Tudo isso ao mesmo tempo, dependendo da estratégia elaborada no momento da criação do fundo.
Como escolher um fundo multimercado?
Primeiro, é preciso lembrar que os riscos também estão presentes nos fundos de investimento, e para minimizá-los, vale ficar atento a três pontos primordiais:
- Escolha da gestora
- Histórico da rentabilidade e volatilidade em diferentes cenários
- Diversificação entre os fundos
Na prática, isso significa:
Atenção à gestora: assim como para qualquer fundo de investimento, a escolha da gestora que está montando aquele fundo deve ser analisada de forma cautelosa. A casa é bem estabelecida no mercado? Qual o propósito e que tipo de valor ela quer propiciar e entregar aos investidores?
Por dentro do fundo: se o perfil do investidor for mais conservador, pode ser interessante selecionar fundos com maior alocação em renda fixa. O contrário vale para investidores mais arrojados. Em ambos os casos, é preciso observar o histórico de volatilidade e rentabilidade do fundo. Afinal, quanto maior o risco, maior a possibilidade de retorno.
Diversificação: como esse aspecto é crucial na composição de uma carteira de investimentos, é interessante ter fundos multimercados com diferentes estratégias entre si, sem deixar de combiná-las com outros investimentos em renda fixa e variável.
Liquidez: também vale olhar para o prazo de resgate, que aponta quantos dias é possível acessar o dinheiro a partir da data de solicitação de resgate.
Fundos Multimercado e Impacto Social
Outro ponto chave é se atentar ao tipo de empresa investida pelo fundo. O investimento é uma forma de estimular o futuro, e os investidores precisam tomar cada vez mais decisões baseadas não só no retorno financeiro que querem ter como também na sua intenção de gerar impacto positivo e no futuro que desejam ajudar a criar a partir dos seus investimentos.
Afinal, 100% dos investimentos impactam vidas.