Já faz algum tempo que os dicionários informais de economês e financês já não se restringem a termos ‘americanizados’ como spread e yield para se referir à rentabilidade dos investimentos. Nos últimos anos, alguns chavões têm ganhado espaço neste ecossistema. É o caso da sustentabilidade e do investimento de impacto.
Como você chegou até este texto, é bem provável que seu maior interesse esteja sim relacionado a investimento e retorno financeiro competitivo. E tudo bem. Ninguém vai te julgar por se interessar mais pelos balanços de rentabilidade de uma empresa do que pelos relatórios de sustentabilidade. A boa notícia é que é possível fazer isso unindo os dois conceitos. Investir em impacto pode e deve ser rentável.
Investir não é difícil, sejamos francos. Alguns toques na tela de um celular e pronto. O dinheiro já está alocado em alguma poupança, fundo de investimento ou ação. Agora, o que tem ficado cada vez mais fácil é que o mesmo capital seja utilizado também para gerar benefício para o planeta. Seja social ou ambiental. É daí que vem os investimentos de impacto.
O que é investimento de impacto?
“O investimento de impacto coloca retorno financeiro e impacto positivo na mesma frase. Os investidores se atentam ao impacto do negócio, olhando para um espectro mais amplo da vida e das finanças”, explica Daniel Izzo, CEO e cofundador da VOX Capital, gestora de investimentos de impacto social.
Ou seja, o investimento de impacto não foca no lucro a qualquer custo – um mantra que aos poucos vem sendo extinto do mercado financeiro.
Isso difere de um investimento convencional na medida em que, neste último, o capital pode ser aplicado tanto em uma fabricante de pirulitos quanto em uma gigante do setor petroleiro. No investimento convencional, a intenção do investidor é apenas o retorno financeiro.
Me dá um exemplo?
Investimentos de impacto são os realizados em empresas que, por exemplo, desenvolvem geradores de energia renovável, estruturam e escalam processos de reciclagem, fomentam a bancarização ou têm soluções de educação online que ampliam o acesso ao ensino superior a fim de reduzir a desigualdade social. São empresas que oferecem soluções para problemas relevantes que existem na sociedade.
Um exemplo prático é a Celcoin, fintech de impacto social investida pela VOX Capital que, através de uma plataforma de open finance, permite o acesso a serviços financeiros pela população desbancarizada (40 milhões de brasileiros). Entre os serviços oferecidos estão pagamento de contas, transferências e recargas de celular.
A Celcoin combate a exclusão financeira e oferece soluções que vão muito além do crédito mais barato, conta sem tarifas ou aplicativo com boa usabilidade. A fintech aborda o público distante dos grandes centros e endereça soluções para os seguintes problemas:
- O Brasil tem 34 milhões de desbancarizados
- 2.224 cidades (40% do total de municípios) não têm agências bancárias e lotéricas
- 4 mil agências foram fechadas desde 2016, numa tendência que deve continuar em meio à digitalização dos serviços
- 65% das pessoas ainda pagam contas em boleto – e têm que ir até as agências
- ¾ das pessoas nos países emergentes pagam contas em dinheiro, novamente tendo que se deslocar
Impacto x ESG
Embora ambos sejam considerados investimentos responsáveis, existem diferenças importantes entre o conceito de investimento de impacto e investimento ESG.
Os investimento de impacto analisam empresas sob a ótica do quê elas fazem, e se é um produto que resolve um problema social e amplia acesso à saúde, educação e moradia, por exemplo. Já o investimento ESG olha o como, analisando se as operações envolvidas na produção de bebida, por exemplo, segue boas práticas ambientais e sociais, junto a colaboradores e comunidade próxima.
Se é tão bom, por que nunca ouvi falar sobre investimento de impacto?
Falta jogar holofote no assunto. Por anos, nos acostumamos a pensar apenas no risco e no retorno dos investimentos. De uns anos para cá, o impacto gerado pela empresa também entrou para os fatores de análise.
Em um mundo com emergência climática e desigualdade, é crucial que as análises dos investimentos considerem risco, retorno e o impacto. É esse processo que a VOX Capital é pioneira no Brasil e, agora, ajuda a consolidar no país.
De acordo com dados da Rede Global de Investimento de Impacto (GIIN, na sigla em inglês), mesmo com um crescimento anual de 17%, o valor aplicado em ativos de investimento de impacto somava US$ 715 bilhões até o final de 2019. Pode até parecer uma gigantesca pilha de dinheiro. Mas é uma pechincha diante do total de ativos sob gestão, que em 2020 era de US$ 100 trilhões.
É gerando valor positivo para as pessoas e o planeta que as empresas e seus respectivos investidores conseguirão os melhores retornos financeiros. E na medida em que cada vez mais pessoas percebem isso, os investimentos responsáveis e de impacto social e ambiental ganham espaço no mercado, ditando o rumo das inovações e dos interesses dos investidores.
Quanto mais pessoas investirem num negócio de impacto, mais capital ele terá para alavancar sua operação e crescer, ampliando o acesso a soluções socioambientais relevantes e atraindo mais clientes. Isso tende a resultar em maior rentabilidade e valor de mercado, de modo que quem investiu lá atrás consegue tanto lucrar na venda futura do ativo quanto contribuir com a construção de um mundo melhor.
Afinal, 100% dos investimentos impactam vidas.