Quando você lê erradicação da pobreza, como no título acima, o que te vem à mente? Andar pela cidade e ver nenhum morador de rua? Ninguém pedindo comida ou passando frio no inverno? Uma realidade assim seria possível ou apenas um sonho?
Para além da nossa dúvida sobre o que de fato é pobreza ou miséria, e o que seria um mundo sem ambas, a Organização das Nações Unidas (ONU) já definiu o conceito de cada uma e o que significa erradicá-las, em termos práticos. Olha só:
• Pobreza: quem vive com menos de R$ 28/dia (USD 5,5, na cotação de fevereiro de 2023)
• Extrema pobreza/Miséria: quem vive com menos de R$ 16,64/dia (USD 3,2 na cotação de fevereiro de 2023)
• Erradicação da Pobreza: um mundo com até 3% da população global vivendo com menos de USD 5,5. A ONU entende que zerar efetivamente a pobreza é uma utopia, mas é fundamental que ela seja reduzida ao máximo possível.
Ok, mas dá para identificar se uma pessoa está pobre, mesmo sem saber o quanto ela tem de receita e com quanto de dinheiro ela vive um dia? Também segundo a ONU, uma pessoa pobre é aquela sem acesso a serviços básicos e sem proteção diante de situações extremas – em geral pessoas que vivem em condições precárias justamente por falta de recurso suficiente.
E como está o Brasil no cenário da pobreza?
Na média vamos mal. No dado específico, vamos de mal a pior. O estudo “Mapa da Nova Pobreza”, realizado pela FGV Social com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que em 2021 quase 30% da população brasileira viveu com até R$ 497 mensais.
Esse valor dividido por 30 (média de dias/mês) dá R$ 16,5, que já caracteriza extrema pobreza, segundo a definição por condição monetária dada pela ONU.
E dá para piorar, viu? Se na média temos cerca de 30% da população abaixo da linha da extrema pobreza, nos estados mais pobres a situação é péssima. A pesquisa da FGV traz que, no Estado do Maranhão, o percentual da população muito pobre chega a 57,9%.
E dá para erradicar a pobreza?
Aqui vale a ideia do se fosse fácil, já estaria erradicada. Mas como não é, a ONU deu um jeito de declarar a importância de todo o mundo colocar esforços nessa erradicação.
Lembra da Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável? Já falamos dela por aqui. A Agenda 2030 foi criada em 2015 pela ONU, e é um plano de ação para resolução de problemas. Ali estão listados os principais desafios e aspectos sociais e ambientais que devem ser endereçados e solucionados até 2030 pela sociedade como um todo. Daí o termo Agenda: uma lista de desafios que devem ser enfrentados de maneira conjunta pelos quase 200 países que assinaram o compromisso. O Brasil está entre eles.
A Agenda foi desdobrada em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e temos um Objetivo voltado exclusivamente para a erradicação da pobreza (o ODS 1). Ele tem metas e indicadores, que como todo os outros 16 objetivos, precisam ser adaptados a realidades locais.
Dá para erradicar a pobreza no Brasil?
A ONU separou esse objetivo de erradicação da pobreza em cinco grandes passos (metas), e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão fundamental para análise e gestão de política pública no Brasil, as adaptou para o cenário brasileiro.
Na essência, as metas foram desenhadas para promover o acesso à renda, serviços básicos como eletricidade, água, coleta de lixo e rede de esgoto, e também reduzir a exposição das populações mais pobres a eventos naturais extremos, como os que aconteceram no litoral norte de São Paulo no período do Carnaval de 2023.
As metas que devem ser perseguidas para que alcancemos o objetivo de Erradicar a Pobreza estão divididas nas seguintes frentes:
Melhoria da situação monetária
> Erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares – e aqui vale lembrar que são consideradas extremamente pobres as pessoas que vivem com menos de R$ 16,64/dia (USD 3,2 na cotação de fevereiro de 2023)
> Até 2030, reduzir à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem com menos de R$ 28/dia (USD 5,5, na cotação de fevereiro de 2023)
Acesso a serviços básicos
>Ampliar o acesso ao sistema de proteção social, que considera áreas de saúde, assistência social, segurança alimentar, moradia e segurança pública.
>Garantir que todos os homens e mulheres, em especial pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade, tenham acesso a serviços sociais, infraestrutura básica, novas tecnologias e meios para produção, tecnologias de informação e comunicação, serviços financeiros e segurança no acesso equitativo à terra e aos recursos naturais.
Instituições fortalecidas
>Fortalecer marcos políticos e institucionais para garantir a efetividade e a sustentabilidade das ações de erradicação da pobreza.
>Garantir recursos para implementar programas e políticas para erradicar a pobreza extrema e combater a pobreza.
Exposição e vulnerabilidade
>Construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres econômicos, sociais e ambientais.
As empresas e os investimentos podem ajudar na erradicação da pobreza?
Ambos não só podem como devem ajudar! O ponto é que alguns setores naturalmente estão mais diretamente relacionados, e é das companhias desses setores que a gente precisa cobrar enquanto cidadãos, clientes e investidores.
No caso do ODS de Erradicação da Pobreza e as metas acima citadas, são três os setores em que a gente precisa ficar mais de olho.
• Infraestrutura, como saneamento de água e esgoto, energia e telecomunicação
• Saúde, em especial na frente de atendimento e acesso a medicamentos
• Financeiro, representado pelas empresas com atuação em microcrédito e seguradoras de ativos familiares, como casas.
Como investir em empresas que ajudam na Erradicação da Pobreza?
Primeiro é necessário saber o tipo de investimento (classe de ativo) que mais te interessa. E a partir daí você vai entendendo, junto a gestoras de investimento, quais são as oportunidades que integram boa performance financeira e solução alinhada às metas dos objetivos.
No caso do investimento em renda fixa, na VOX já estamos investindo em sete empresas que contribuem com o objetivo de Erradicação da Pobreza.
• Aegea
• Sabesp
• AES
• BRK
• Dasa
• Energias do Brasil
• Pague Menos
Elas estão no portfólio do VOX Desenvolvimento Sustentável, fundo de investimento de impacto positivo sob gestão da VOX e o primeiro do mercado acessível para o varejo.
Além do objetivo de Erradicação da Pobreza, as demais empresas investidas pelo fundo também contribuem com outros sete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:
• Agricultura e Desenvolvimento Sustentável (ODS 2)
• Saúde e Bem-Estar (ODS 3)
• Educação de Qualidade (ODS 4)
• Água Potável e Saneamento (ODS 6)
• Energia Limpa e Acessível (ODS 7)
• Cidades e Comunidades Sustentáveis (ODS 11)
• Ação Contra Mudança do Clima Global (ODS 13)
Para saber quais são as outras empresas investidas, acesse este texto no nosso blog.
Como investir no VOX Desenvolvimento Sustentável?
O VOX Desenvolvimento Sustentável está disponível para investimento na plataforma do C6 Bank, Banco Inter, na Warren e também neste link.
O fundo é a prova viva que sim, dá para encontrar e investir em empresas que efetivamente entregam soluções para problemas relevantes que precisam de solução. E o próximo passo é fazer crescer a demanda por mais empresas que contribuam com a erradicação da pobreza, e também mais fundos de investimentos que tenham essas empresas na carteira.
Tudo isso porque, no fim do dia, além de impulsionar e escalar transformações socioambientais, a gente precisa ampliar a percepção e conhecimento sobre como entender o impacto das empresas e alinhar isso ao retorno dos investimentos. É importante ter claro qual o fluxo do nosso dinheiro e que sim, todos os investimentos impactam vidas.