Já imaginou uma empresa sem gestão da contabilidade e indicadores financeiros como faturamento, fluxo de caixa e lucro? Nem passa pela nossa cabeça. Mas já parou para pensar quantas são as empresas que fazem a gestão do impacto socioambiental que geram? São poucas…
De forma geral, os negócios sabem muito pouco sobre o que, como e o quanto os seus produtos e serviços oferecidos mudam, interferem e até impactam na vida de quem os experimenta.
O resultado é que sem uma gestão de impacto socioambiental, pouco se sabe sobre como a empresa está alcançando sua proposta de valor junto ao cliente. E sem dados sobre as consequências que gera, o negócio perde em gestão de risco e fica aquém do potencial na atração de clientes, parceiros e investidores. No fim da linha, o retorno financeiro também perde espaço e neste texto vamos explicar o porquê disso.
O que é gestão de impacto?
É o acompanhamento dos efeitos que um negócio gera na ponta, junto ao usuário final. O potencial de transformação resultado de uma gestão de impacto socioambiental é que ela provoca a empresa a sair do lugar da hipótese e ir encontrar evidências sobre quais impactos seus esforços estão deixando para a sociedade.
Trazendo de volta a comparação com a gestão contábil e financeira, os indicadores de impacto mostram se a empresa está em linha com o tipo e profundidade de impacto planejado, tal como os indicadores financeiros mostram se a empresa está financeiramente saudável e atingindo as metas.
Para Jéssica Rios, sócia e co-líder de gestão e mensuração de Impacto na VOX Capital, “a gestão propicia aprendizado sobre quais produtos e serviços são melhores para fomentar a proposta de valor da empresa. E com essas informações dá para entender se dá pra entregar o que proponho na proposta de valor do negócio”.
Se a análise dos indicadores mostra que o impacto gerado está em linha com o projetado, a informação pode ser usada para atrair mais clientes, parceiros e investidores. “A gestão de impacto é uma forma de alavancar a solução”, complementa Jéssica.
Já se os dados mostram que o resultado está diferente do esperado, a equipe já tem na mão as informações para reavaliar processos internos e tomadas de decisões.
Gestão de impacto e retorno financeiro na prática
A gestão de impacto pode gerar mais retorno financeiro porque fomenta a fidelidade do cliente, melhora a imagem de marca e viabiliza um negócio mais resiliente. Isso resulta em investimento mais atrativo, com menos risco e maior potencial de retorno.
Um exemplo prático é a Celcoin, fintech de inclusão financeira que desde 2019 está no portfólio de fundos de investimento da VOX. Inicialmente, a empresa vendia, além das soluções financeiras, também capaas de celular e joguinhos eletrônicos, que em nada fomentavam a inclusão financeira dos usuários finais.
“A partir das conversas de pré-investimento com a VOX, começamos a orientar todo novo produto da Rede Celcoin para o impacto para a população final. Ou seja, levando inclusão digital e financeira para a ponta, a fim de melhorar a qualidade de vida”, conta Adriano Meirinho, co-fundador da fintech.
Se capa de celular saiu do portfólio, poder ter acesso a serviços como o do Netflix ganhou força. Antes o produto era restrito a quem tinha cartão de crédito, e a solução da Celcoin permite recarga de um crédito a partir de dinheiro, para aumentar a abrangência do acesso.
Por que a gestão de impacto é um desafio?
“Porque culturalmente temos uma visão de custo que é super limitada. Só olhamos custos contábeis e financeiros”, responde Jéssica. “Ainda existe o mito de que só o feeling é suficiente”.
Aqui cabe um detalhe: para ser considerado de impacto, os negócios precisam estar atentos à mensuração dos efeitos socioambientais que geram junto ao cliente final.
Então, na teoria, a gestão de impacto teria tudo para ser fluida nesse grupo de empresas. Mas mesmo os negócios de impacto, que a priori sabem da importância dessa administração, têm muito a evoluir.
O problema é que muitas vezes, a intencionalidade do empreendedor é tão clara que ele a transforma em prova da realidade. E não é bem assim.
“Como gestora, a VOX Capital leva a provocação de sair da hipótese. Não é porque tem um negócio na área de saúde que naturalmente está gerando um impacto”, pontua a sócia e co-líder de impacto da VOX Capital.
Hoje, o pouco que há de mensuração de impacto é mais pelo compliance do que pela estratégia. O processo é top-down e associado a uma visão acadêmica, enquanto deveria dialogar de maneira útil e prática com o dia a dia dos negócios.
Qual a solução?
Comparado com 15 anos atrás, quando o mercado de investimento de impacto começou a ganhar corpo, Jéssica reforça que muito já se avançou. E vale destacar que a dificuldade e falta de consistência da gestão e mensuração de impacto não é uma questão só no Brasil. Pelo contrário.
Por isso, iniciativas mundo afora buscam formas de padronizar a administração e tornar o processo de administração mais fluido. Hoje ele é complexo demais e acaba restrito a casas especializadas ou ambientes acadêmicos como o Insper, que tem se aproximado do tema.
Exemplo de iniciativas são as dimensões de impacto do IMP (Impact Managem Project), o Impact Toolkit do GIIN (Global Impact Investing Network) e guias da Aeris, uma casa de análise de investimento de impacto.
No Brasil, a VOX Capital desenvolveu o Impactômetro, ferramenta que apoia a gestão de impacto alinhada à fase de desenvolvimento de empresas.
Como gestora pioneira em investimento de impacto no Brasil, nós acreditamos que a gestão dos efeitos sobre pessoas e planeta é tão importante quanto a gestão de risco e retorno. E por acreditar nisso, apoiamos nossa investidas na gestão de impacto.
100% dos investimentos impactam vidas. Você está gerenciando o impacto dos seus investimentos?